Se procuram uma experiência de caminhada que misture arquitetura, história e vistas incríveis, não procurem mais: os trilhos PR3.1 e PR3 na Ilha da Madeira são perfeitos para vocês. A combinação destes dois percursos é uma das formas mais singulares para chegar ao Pico do Areeiro, sendo também dos trilhos menos percorridos da região. A caminhada do Monte ao Pico do Areeiro exige algum esforço físico, com mais de 1000 metros de altitude, mas oferece também uma verdadeira viagem no tempo. O percurso leva-vos por lugares históricos, quintas e relíquias religiosas rumo ao Maciço Central da Madeira.
O ponto de partida: Monte
A aventura começa no Monte, uma freguesia pitoresca situada nas zonas altas do Funchal. Conhecida pelos seus jardins tropicais e vistas deslumbrantes, o Monte é o cenário perfeito para um dia de caminhadas. Começámos o dia bem cedo, a absorver a atmosfera daquele lugar e a saborear um café num bar local. O cheiro das flores enchia o ar, e eu mal podia esperar para calçar as botas e iniciar a caminhada.
O troço inicial da caminhada, o PR3.1, começa com uma subida íngreme através das belas escadas de pedra cuidadosamente preservadas. Após a primeira subida, chegámos à encantadora Igreja de Nossa Senhora do Monte. A arquitetura e as vistas sobre o Funchal tornam o início deste trilho verdadeiramente especial.
A beleza do PR3.1 – Caminho Real do Monte
O trilho segue por ruas inclinadas, passando por monumentos religiosos e fontes históricas. Embora grande parte do início deste trilho seja pavimentado, existem algumas secções de pedra exposta. É incrível ver estas pedras resistirem ao teste do tempo e é sem dúvida algo que eu adoro ver preservado na Madeira.
À medida que abandonávamos as estradas e entrávamos na floresta, o trilho começava a abrir-se com vistas incríveis sobre as colinas ondulantes do Monte. Ao longo desta parte do percurso, fomos sempre acompanhando a íngreme levada, que corria sem parar ao nosso lado.
Uma viagem desafiante, mas gratificante
Continuávamos no PR 3.1 que se tornava cada vez mais íngreme e a pouco aproximávamo-nos do miradouro do Pico Alto, que é o penúltimo ponto deste percurso.
Depois de cerca de uma hora e meia de caminhada, fomos recompensados com vistas que se estendiam até ao Funchal e ao longo da costa sul. Conseguíamos avistar um enorme navio de cruzeiro no porto, e o clima maravilhoso contribuiu para o final perfeito para a primeira metade desta caminhada.
Aqui, muitas pessoas decidem regressar fazendo do PR 3.1 um percurso de ida e volta. Contudo, o nosso plano era seguir em frente e continuarmos pelo PR3, que nos levaria até ao Pico do Areeiro, pela Vereda do Burro.
Transição para o PR3 – Vereda do Burro
Após várias horas de caminhada, chegámos ao cruzamento entre o PR3.1 e o PR3. Apesar de alguns caminhantes preferirem fazer as partes separadamente, o meu entusiasmo para enfrentar o desafio seguinte era grande. A transição entre os dois trilhos é perfeita, e a mudança de terreno foi imediatamente percetível. O PR3 é um pouco mais exigente, mas nós estávamos prontos para a aventura.
Tendo em conta o nome do percurso - Vereda do Burro - fez todo o sentido visitar os burros locais que repousavam nos seus abrigos. Após algumas festinhas continuámos montanha acima.
O que mais me impressionou durante o PR3 foi a agradável sensação de estarmos num lugar remoto. Tínhamos entrado uma zona mais ‘selvagem’ da ilha, com características muito diferentes das do ponto de partida, no Monte. A vegetação também era bem distinta, e passávamos agora entre urzes e fetos, que davam vida e cor à paisagem.
O som da água a correr ribeira abaixo era meditativo e por fim, encontrávamos as quedas de água a partir das quais a ribeira fluía e parámos para apreciar o belo cenário.
Esta secção do trilho foi a minha preferida de todo o percurso – o mais natural e imersivo, com um trilho em boas condições, sinais fáceis de seguir e um caminho bem conservado.
O percurso ficou ligeiramente mais plano à medida que começámos a vislumbrar o Pico do Areeiro. Passámos por antigos observatórios astronómicos e palheiros de pedra enquanto o sol começava a iluminar as planícies.
Chegada ao Pico do Areeiro
Depois de uma subida rigorosa, chegámos finalmente ao cume do Pico do Areeiro. A 1818 metros de altitude, senti-me como se estivesse no topo do mundo. As vistas eram panorâmicas e impressionantes.
As nuvens formavam-se por baixo de nós, criando um mar branco que contrastava de forma tão bonita com os picos recortados que se destacavam no horizonte.
No Pico do Areeiro há um café, onde podem saborear uma cerveja Coral bem gelada ou um café com bolo para celebrar a subida de 1200 metros que acabaram de fazer!
Porque devem combinar o PR3.1 e o PR3
Embora cada trilho possa ser desfrutado separadamente, combinar o PR3.1 e o PR3 numa viagem contínua oferece um desafio e uma experiência única de caminhada na Madeira. Irão passar por florestas densas, cumes expostos e paisagens escarpadas, enquanto apreciam algumas das vistas mais espetaculares que a Madeira tem para oferecer. Podem começar a caminhada a explorar o Jardim Tropical do Monte e acabarem maravilhados com as vistas do Pico do Areeiro.